Por que algumas torrefações de café estão adotando torradores elétricos?
Em todo o mundo, muitos torrefadores dependem de gás ou eletricidade para torrar seu café. O tipo de energia usada depende em grande parte do equipamento empregado – incluindo torradores de tambor e de leito fluidizado.
No entanto, com a demanda por café sustentável continuando a aumentar, além da elevação nos custos de transporte e energia, os torrefadores estão procurando novas maneiras de atrair os consumidores e reduzir seus gastos. Um deles inclui o investimento em torradores elétricos.
Então, como as máquinas elétricas funcionam e quais fatores as torrefações precisam considerar ao adotar uma? Para descobrir, falei com dois profissionais de café que trabalham com o fabricante de torradores de café Stronghold. Continue a ler para saber o que eles disseram.
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Explorando diferentes tipos de torradores de café
Nas décadas anteriores, o gás era a fonte de energia mais comumente usada para torrar café – não importa qual tipo de torrador fosse usado. Os torrefadores de tambor e de leito fluidizado são os tipos mais comuns e ambos são capazes de torrar café a um alto padrão de qualidade, seja usando gás ou eletricidade.
No entanto, o foco em torradores elétricos vem aumentando. Isso permitem aos torrefadores um maior controle sobre diferentes variáveis.
Amir Navid é CEO e fundador da Kühne Kaffee em Hamburgo, Alemanha – uma distribuidora regional de torrefadores Stronghold. Segundo ele, comparar uma torrefação elétrica com uma a gás é como comparar um Tesla com um carro a diesel antigo.
“Ao torrar usando máquinas movidas a gás, os torrefadores geralmente precisam fazer muitos ajustes em suas variáveis. E hoje em dia os torrefadores têm que investir mais tempo no marketing”, ele acrescenta.
Tradicionalmente, os torrefadores devem prestar muita atenção a uma série de variáveis, como temperatura e tempo total de torra. No entanto, com a ascensão dos torradores elétricos, eles podem passar a se concentrar em outras atividades. Isso porque esses equipamentos elétricos muitas vezes têm sistemas de automação integrados.
“Em alguns países, você também pode precisar ter uma licença especial e um certo tipo de seguro devido às emissões de carbono produzidas”, diz Amir. “Além disso, você também precisa contabilizar os custos adicionais de instalação de tubos e um pós-combustor ao usar um torrador a gás.”
Por que começa a haver mais adesão a torradores elétricos?
Há uma série de razões pelas quais os torradores elétricos estão se tornando mais populares. Um exemplo é a crescente demanda por café mais sustentável.
Agora, mais do que nunca, os consumidores esperam que o café que compram seja mais sustentável. E embora grande parte disso esteja centrada em mais transparência e rastreabilidade na cadeia de suprimentos, a sustentabilidade também se estende à torra.
Os torrefadores tradicionais alimentados a gás podem emitir vários poluentes, como óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e dióxido de carbono. Estes gases são nocivos tanto para o ambiente quanto para a saúde humana, se inalados em volumes significativos.
Além disso, esses torrefadores dependem de combustíveis fósseis (principalmente gás natural) para operar, conhecidos por contribuir para o aquecimento global.
Além disso, nos últimos meses, vimos o preço do gás natural aumentar acentuadamente como resultado do conflito na Ucrânia e das sanções econômicas impostas à Rússia.
Naturalmente, isso significa que os custos de operação de um torrador movido a gás também aumentaram – apertando as margens de muitos torradores e forçando-os a procurar maneiras para reduzir os gastos.
“Os torrefadores estão procurando oportunidades para minimizar a incerteza em torno da flutuação dos preços do gás, bem como a possibilidade de escassez de fornecimento”, explica Amir.
No entanto, com máquinas elétricas, os torrefadores podem contornar a maioria desses problemas. Segundo Alex Lee, representante regional para a América do Norte da Stronghold, torradores elétricos como o S9X automatizado, podem funcionar de forma mais eficiente e precisa do que os modelos movidos a gás. “Em vez de controlar manualmente o fluxo de gás, o torrador pode gerenciar todas as suas variáveis eletronicamente durante toda torra”, diz.
O poder da automação
Nos últimos anos, a automação e a IA se tornaram mais amplamente usadas na torrefação de café. Isso vem permitindo aos torrefadores que repliquem mais facilmente os perfis de torra e melhorem a análise e a aplicação dos dados, o que melhora a qualidade do café.
“Em teoria, um torrador deve conseguir executar tão bem quanto o fabricante afirma que pode”, diz Alex. “No entanto, outras variáveis como o ambiente de torrefação, problemas de manutenção e até mesmo o próprio café podem afetar o desempenho.
“Quando você usa gás, não importa quão preciso o painel de controle eletrônico do torrador seja, a geração de energia ainda é muito volátil para que se tenha real controle”, acrescenta. “Com torradores elétricos automatizados, conseguimos mitigar ao máximo os possíveis erros.”
Entendendo como torradores elétricos funcionam
Para que os torrefadores façam com sucesso a transição do gás para os torradores elétricos, eles primeiro devem entender como essas máquinas operam.
O fator mais importante a se considerar é a diferença na transferência de calor. Em geral, torradores elétricos têm sistemas de transferência mais avançados, o que significa que eles são mais bem equipados para controlar uma série de variáveis.
“O torrador elétrico Stronghold S9X, por exemplo, tem um sistema de gerenciamento de calor triplo. Ou seja, lidar com a transferência de calor por convecção, radiação e condução independentemente. Com isso, o torrefador pode desenvolver perfis de torra mais assertivamente e experimentar mais”, diz Alex.
Em teoria, ter mais controle sobre diferentes tipos de transferência de calor permite que os torrefadores controlem mais precisamente uma torra. Isso pode ajudá-los a tirar mais proveito de um determinado café, e talvez até mesmo encontrar um perfil de sabor totalmente novo.
“No entanto, existem vários fatores que podem influenciar como o calor é transferido da máquina para o café, como o tamanho e a densidade dos grãos, bem como os níveis variados de açúcares contidos nos grãos”, acrescenta Alex. Em última análise, os torrefadores precisam explicar essas diferenças ao desenvolver seus perfis de torra, a fim de obter os melhores resultados de seu café.
A importância da estabilidade térmica
A estabilidade da temperatura também é importante para os torrefadores. Quanto mais estável e consistente for a temperatura dentro da máquina, mais consistente será o perfil de torra.
“Os torradores elétricos da série X da Stronghold incluem um aquecedor de banda de cerâmica ao redor do sistema de bateria. Isso permite ao torrador controlar ativa e intencionalmente a temperatura dentro do tambor e dá maior controle sobre a retenção de calor e dissipação”, diz Alex.
A instalação também é um fator a ser considerado. Com máquinas movidas a gás, os torrefadores precisam garantir que tenham uma saída de gás pronta ou obter uma licença para instalar uma. Com os torradores elétricos, esse processo é significativamente mais simples.
“É claro que, com qualquer equipamento grande, você precisa saber o tamanho do espaço para garantir que ele caiba, mas com um torrador elétrico é mais prático. Você só precisa de uma fonte estável de eletricidade”, acrescenta Alex.
Quais outros benefícios há no uso de torradores elétricos?
Além de ter mais controle sobre a transferência de calor, os torradores elétricos possuem uma série de outros benefícios. Isso inclui recursos de ponta como tecnologia alimentada por IA, além de outros sistemas automatizados.
Um exemplo é o sensor de temperatura S9X X-Lens da Stronghold. Ele melhora a consistência e a precisão de vários perfis de torra diferentes, medindo e registrando a temperatura do grão, em vez da temperatura do ar ou do tambor.
“Você pode torrar um lote completo de 8 kg para maximizar sua produção sem comprometer a qualidade”, explica Alex. Ainda segundo ele, com a plataforma Square da Stronghold é possível gerenciar e compartilhar perfis de torra com diferentes torrefadores que também usam equipamentos da marca.
“Devido a sua interface amigável, o S9X pode ser usado por uma variedade de profissionais de café. Tanto campeões mundiais de torra quanto torrefadores menos experientes trabalham bem com nossas máquinas”, ele acrescenta.
Tecnologia para a consistência
Amir concorda, dizendo que a tecnologia de IA do S9X facilita a operação. E que a precisão é muito maior do que com torradores a gás. “Você pode alcançar resultados consistentes e de qualidade a cada lote”, acrescenta.
Em última análise, com a crescente dependência da tecnologia ao usar torradores elétricos, os torrefadores conseguem diversificar e experimentar perfis de torra. “A maior flexibilidade com diferentes combinações de transferência de calor permite que os torrefadores sejam mais versáteis do que nunca”, conclui Alex.
Mais e mais torrefadores estão mudando para máquinas elétricas, seja por maior apelo à sustentabilidade ou para aprimorar o controle sobre uma inúmeras variáveis para obter o melhor de seu café.
É seguro dizer que, nos próximos anos, provavelmente veremos a adoção de torradores elétricos aumentar ainda mais. No entanto, resta ainda ver como a tecnologia se desenvolverá.
Gostou? Em seguida, leia nosso artigo sobre como garantir a consistência, lote a lote, ao torrar café.
Créditos das fotos: Stronghold e Kühne Kaffee
PDG Brasil
Traduzido por Daniela Melfi
Observação: Stronghold é patrocinadora do Perfect Daily Grind.
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